sábado, 26 de junho de 2010

canção de inverno

No meio da noite, ela acordou assustada com os sonhos ruins que a atordoavam. Sentou-se na cama e levou as mãos ao rosto, sentindo o gosto das lágrimas salgadas que ainda escorriam sobre sua face. Havia adormecido com as mesmas roupas com com que passara o dia, talvez vencida pelo cansaço ou simplesmente pela idiferença que sentia em relação a qualquer coisa, pois aquele não tinha sido exatamente um dia agradável.Suspirou introspectiva e profundamente, tentando apagar aqueles sonhos ruins que a atordoaram segudos atrás. Tocou o chão gélido com a ponta dos pés e se levantou cambaleando. Andou até a sala de estar, como um fantasma madrugada a dentro. O cômodo apresentava-se lindamente iluminado pela luz da lua. Sim, lá estava ela, majestosa e brilhante, emoldurada pela janela. "Como pode ser tão linda mesmo estando tão só?" pensava a garota, incapaz de perceber tamanha beleza...A lua, por sua vez, parecia encara-la  com certo ar de pena e melancolia.
O vento frio que vinha da porta entreaberta a abraçava, arrepiava cada pelo de seu corpo, enfatizado a dor a pouco esquecida em seu peito, que agora voltava muito mais intensa e cruel devido às lembranças que se acumulavam initerruptamente em sua cabeça... as lembranças que ela tanto renegava agora lhe cortavam por dentro. Mesmo lutando contra a verdade que omitia, ela sabia que seu sonho ruim não tinha sido mera ilusão, mas, fator reais de um dia cizento que ela desejara nunca chegar.
As mãos agora apertavam contra o peito tentando confirmar se ainda havia um coração pulsando dentro dela apesar de toda dor que a tomava como um veneno mortal. Então, ela se ajoelhou, e com os olhos ainda fixos na solitária lua, deixou as lágrimas encobrirem novamente sua face, percebendo o quão pequena era ela e o quanto a solidão havia lhe consumido durante todos aqueles anos em que havia se lançado cega e plenamente em um um amor que lhe parecia tão digno de sua alma, tão certo e imprescindível, que parecia ser inesgotável, porém, se esgotou.
Então toda cor daqueles dias se apagou, todas as palavras que pareciam sinceras e esseciais ficaram sem um sentido real, toda certeza se tornou vacilante no momento em que ela ouviu as palavras amargas na doce voz de quem ela jamais imagiaria, jamais aceitaria ouvir. Não dele, não de seu único e perfeito amor...deveria ser inaudível, por  ser tão nocivo...
Ainda ajoelhada sob o luar, ainda como um fatasma madrugada a dentro e com tantas lágrimas lhe tirando a visão, ela começou a enteder e aceitar a verdade, que agora lhe parecia estranha, depois de tantos anos soterrada em algum lugar detro dela... a verdade, que era como alguém que não se via a muito tempo e agora volta quase irreconhecível!  Ela enfim pôde considerar as próprias opiniões e incertezas...
Talvez ele estivesse certo afinal; talvez ela realmente fosse doente por ser tão dependente dele, por não ter mais uma vida e sim por viver unica e exclusivamente para ele, por aceitar todos os seus erros e falhas como se fossem presentes... Ele nunca mentia e não o faria agora, não teria sentido algum... Era a verade que ela renegava, era o óbvio que ela fazia questão de afastar de seu campo de visão.
Pela primeira vez em muitos anos, podia pensar por sí própria e exergar a si mesma.
Recitou baixinho os tristes versos que cantaram juntos no último inverno e que agora lhe parecia uma previsão desajustada do fim. Falava sobre o frio e a noite...
Não era a lua que vivia tão só, e sim, ela.





sexta-feira, 25 de junho de 2010

impessoal -

Tantas lágrimas escorrem sobre a face,
e é cada dia mais difícil acreditar que tudo ficará bem,
Tantos gritos contidos dentro do peito
enquanto os dias passam e espero por ninguém.
Me acostumar com a dor que transpassa
continuamete meu coração,
fingir alegria enquanto pra isso
já não há mais razão.
Posso escutar risadas e canções sendo cantadas longe daqui;
posso escutar meus passos me levando pra bem longe de mim,
Então, logo, aquelas canções tristes já não me causarão nostalgia ou dor,
já não me farão sentir mais nada,
além da indiferença que ficou.
Não expulsarei meus fantasmas,
renegarei o que meus olhos fingem não ver,
mantendo o óbvio fora de alcance,
perdendo o que, de fato, nunca pude ter.


quarta-feira, 9 de junho de 2010

Ontem

A frieza em tua voz me congela completamente por dentro, me provoca uma dor indescritível que só pode ser traduzida pelas lágrimas amargas que me encobrem minha face. Elas são a tentativa frustrada de expulsar toda aquela dor que aperta meu peito de forma incontrolável, que me deixa completamente muda, com um nó em minha garganta.
Malditas lágrimas que não me livram de dor alguma! Que só me tornam uma estátua; sem voz, sem ações...Tão frágil a ponto de ser quebrada por tuas palavras ou por teu silêncio!
Somente teu calor poderia me livrar de toda angústia e somente tuas mãos poderiam secar todas as lágrimas amargas, mas você não estava comigo, apesar de estar bem ao meu lado...
Malditas lágrimas que me impedem de olhar em teus olhos, que insistem em retornar junto com todas as lembranças, as mesmas lágrimas que inutilmente tentam aliviar o peso da angústia.
Somente teu calor pode me livrar de toda angústia agora e somente tuas mãos podem secar essas lágrimas amargas; você está comigo, mesmo que não esteja bem ao meu lado.
Prometa não ser tão frio agora.